Nascido em 1877, na Polônia, Max Factor (ou melhor, Maksymilian Faktorowicz, seu nome original) trabalhou durante um período, quando criança, como assistente em uma farmácia. Foi ali que teve os primeiros conhecimentos sobre química que, mais tarde, serviriam de base para criar diversos produtos que até hoje são itens indispensáveis do arsenal de beleza feminina. Base, gloss, sombras, lápis para sobrancelha, corretivo, rímel com aplicador e maquiagem à prova d’água foram algumas de suas invocações.
Também trabalhou como cabeleireiro, fazendo perucas, até ser nomeado maquiador artístico oficial da Grande Ópera Imperial Russa, na época dos czares. Passado um tempo, ele montou sua loja de cosméticos e logo tornou- se cosmetólogo oficial da Corte Imperial.
Aparentemente, o que deveria ser motivo de orgulho acabou virando um pesadelo. Sua vida era tão controlada pela realeza que ele tinha raros momentos para cuidar da sua loja. Com receio de perder o posto, mas apaixonado por Esther Rosa, casou-se e teve dois filhos, tudo em segredo.
O medo de sua situação civil ser descoberta e o acirramento da perseguição aos judeus, durante o período de Nicolau II, foram os motivos que o levaram fugir com a família para os EUA, em 1904. Fuga que só teve sucesso porque ele fez em si mesmo um make de doente para se fosse enviado a uma colônia de tratamento. Ajudado por um amigo, encontrou-se com a esposa e as crianças em um episódio digno de filme e, juntos, tomaram o navio para a Terra das Oportunidades.
Considerado o pai da maquiagem, sua primeira contribuição foi o pan-cake, um creme em bastão com consistência ultrafina que formava uma película maleável sobre a pele. E que, logo de saída, já produziu em 12 tons para serem usadas por pessoas de diferentes tonalidades. Após sua morte, em 1938, seu filho Max Factor Jr, assumiu a marca.
No livro Max Factor, o homem que mudou as faces das mulheres, o autor Fred E. Basten conta essas e mais outras histórias dele, que teve uma vida mais do que agitada e cheia de reviravoltas – recomendo a leitura, porque é muito legal.
Separei algumas curiosidades que você vai gostar:
1914
Ao assistir, pela primeira vez, um filme, ele se assustou com a maquiagem pesada — os artistas ainda usavam produtos feitos para atender aos artistas de teatro. E, então, criou o Flexible Greasepaint, uma “pasta flexível” para fazer os atores parecerem mais humanos.
1918
Max Factor introduziu o princípio da cor Harmonia de maquiagem, para ajudar a coordenar cores de make com as tonalidades de pele, cabelos e olhos de cada pessoa.
1920
Make-up foi palavra criada pelo Max Factor, bem como o termo “maquiagem social” ( society make-up). A ideia era ajudar as mulheres reproduzirem, na vida real, a aparência das estrelas de cinema.
1925
A empresa Max Factor recebeu uma enorme encomenda de cor verde-oliva clara de maquiagem para as filmagens de Ben-Hur. O filme foi rodado nos Estados Unidos e na Itália e muitos figurantes faziam parte das cenas. O produto servia para deixar atores americanos e italianos com o mesmo tom de pele.
1928
Lip Pomade, mais tarde chamado lip gloss, foi criado por Max Factor para deixar os lábios das estrelas mais destacados na telona. No mesmo ano, ele promove a mudança do cabelo da atriz Jean Harlow para loiro platinado. Também, desenvolve novos tons de make para combinar com a cor dos cabelos claros da atriz.
1932
Max Factor constrói um Calibrador de Beleza. O objetivo era medir as dimensões da estrutura facial das pessoas. Com essa invenção, foi possível determinar como usar o sombreamento certo para criar um rosto perfeito — é legal contar que ele afirmou, mais tarde, que jamais encontrou a perfeição.
1935
O Pan-Cake Make-up é desenvolvido para atender às produções de filmes em Technicolor, que revelava com mais definição os rostos dos artistas. Esse avanço do cinema, exigia um novo make. E, assim, surgiu a maquiagem corretiva, que tinha aspecto mais natural. Os novos produtos desenvolvidos por Max Factor agradaram tanto às atrizes, que elas começaram a levar Pan-Cake para casa e usar o produto quando estavam fora das telas. Max Factor percebeu que sua nova maquiagem também funcionava para a vida real. Bom negociante, teve o insight de vender no varejo o Pan-Cake.
No mesmo ano, ele inaugurou o salão de beleza Max Factor Makeup Salon em plena Los Angeles, localizado próximo ao Hollywood Boulevard. Jean Harlow, Claudette Colbert, Bette Davis, Norma Shearer, Joan Crawford e Judy Garland eram suas clientes, o que fez a fama do espaço.