Por trás de toda grande estrela existe sempre um excelente maquiador. Elizabeth Taylor, Rita Hayworth, Grace Kelly, Marilyn Monroe e Audrey Hepburn estão maravilhosas nessa seleção de filmes que fiz especialmente pra você. Prepare a pipoca, mas também os pinceis e os produtinhos do nécessaire porque, além de deliciosos de ver (e rever), esses clássicos do cinema têm makes lindos para você se inspirar.
CLEÓPATRA (1963)
Atriz: Elizabeth Taylor
Direção: Joseph L. Mankiewicz
Makeup: Alberto De Rossi (criação) e ElizabethTaylor (realização)
Sinopse: Em campanha de expansão do império Romano, Júlio César (Rex Harrison) chega ao Egito, onde conhece Cleópatra (Elizabeth Taylor), com quem tem um filho. A superprodução mostra a ascensão de César como soberano absoluto, envolvendo sua relação com a rainha egípcia. Tudo parecia perfeito até que o assassinato de Júlio César obriga Cleópatra a mudar os planos, tornando-se amante de Marco Antonio (Richard Burton) para garantir seu poder. No entanto, a luta entre Otávio (Roddy MacDowall) e Marco Antonio para governar ameaça a vida de Cleópatra. O filme recebeu Oscar nas categorias Efeitos Especiais, Fotografia, Figurino e Direção de Arte.
O make-up: Até hoje quando pensamos em Cleópatra, a imagem eternizada de Elizabeth Taylor com desenho de asas de Águia nos olhos é a primeira lembrança que nos vem à cabeça. Criado pelo maquiador italiano Alberto de Rossi, o make do filme, na verdade, foi realizado pela própria atriz. Pouco antes das filmagens, Rossi teve um problema de saúde e Elizabeth, que havia estudado as referências e técnicas do que ele havia planejado, decidiu assumir o makeup. O dramático olho de Cleópatra, pintado com extravagantes sombras nas cores azul, verde ou dourada (de acordo com o figurino) e o pesado delineado, foi inspirado na estética dos anos 1960. Repare que o lápis de olho preto é usado nas sobrancelhas e no desenho do delineado para formar as asas. Para dar equilíbrio, um blush rosado e um batom quase nada. Lindo!
GILDA (1946)
Atriz: Rita Hayworth
Direção: Charles Vidor
Maquiagem: Clay Campbell
Sinopse: “Nunca haverá uma mulher como Gilda”, prometia o slogan no cartaz de lançamento desse filme noir, o mais importante da carreira da atriz Rita Hayworth. Nele, Johnny Farrell (Glenn Ford) é o gerente de um famoso clube noturno em Buenos Aires. Seu amigo e proprietário do espaço, Ballin Mundson (George Macready) sai em viagem e retorna casado com Gilda (Rita Hayworth). Quando volta e apresenta a nova esposa para Farrell, ele a reconhece – os dois tiveram um caso no passado. A partir daí, o desejo renasce e a tela pega fogo com o jogo erótico (ainda que velado) entre os ex-amantes.
O make: Clay Campbell fez uma pele maravilhosa, mas praticamente sem blush, colocando foco nos olhos e na boca. As sobrancelhas (ruivas, para acompanhar os cabelos) finas, muito bem desenhadas em arco e os cílios mais longos nos cantos externos dos olhos ajudam a criar o olhar lânguido da personagem. Os lábios com formato de coração e batom vermelho fechado, completam o look Gilda, a inesquecível femme fatale de Hollywood.
LADRÃO DE CASACA (1955)
Atriz: Grace Kelly
Direção: Alfred Hitchcock
Maquiagem Wally Westmore
Sinopse: John Robie (Cary Grant) é um ex-ladrão de joias, conhecido como “O Gato”, neste misterioso clássico do suspense de Alfred Hitchcock. Robie é suspeito da nova onda de roubo de joias nos luxuosos hotéis da Riviera Francesa e precisa ajudar a descobrir quem se passa por ele para não ser incriminado. Ao conhecer a mimada (e inatingível) herdeira Frances (Grace Kelly), Robie cria uma isca para desvendar o misterioso ladrão: as joias da mãe dela (Jessie Royce Landis). Romance e suspense se misturam nesse filme que venceu o Oscar de Melhor Fotografia.
O make: Wally Westmore tinha nas mãos o lindo rosto de uma das mais elegantes atrizes de Hollywood. E sabia que o segredo era apenas realçar a beleza da atriz, com make minimalista que destacasse o bronzeado da Riviera Francesa, cenário do filme. E eis que surge na tela uma Frances (Grace Kelly) extremamente chique, com blush que parece o corado natural do sol. Os olhos são bem trabalhados, mas com cores neutras — como se ela não usasse nada. Máscara de cílios e boca tom rosado complementam o look garota bem-nascida da personagem. A beleza combina com os figurinos criados por Edith Head. É sabido que Hitchcock se envolvia muito no visual das suas personagens. Nesse filme, não foi diferente. Na cena em que Frances usa um maravilhoso vestido azul, ela realmente parece ser a mulher inatingível, exatamente como o diretor desejava.
QUANTO MAIS QUENTE MELHOR (1959)
Atriz: Marilyn Monroe
Direção Billy Wilder
Maquiagem: Emile Lavigne e Allan Snyder (Marilyn Monroe)
Sinopse: Se você quer se divertir muito, não perca esse filme em que dois músicos, Joe (Tony Curtis) e Jerry (Jack Lemmon) testemunham o fuzilamento de um grupo de gângsteres, na Chicago do final dos anos 1920, durante a Lei Seca. Para escapar da perseguição dos mafiosos e ganhar um dinheiro que os tire da miséria, a dupla precisa se disfarçar de mulher para conseguir emprego em uma banda só de moças que vai se apresentar em um hotel de luxo na Flórida. É quando conhecem a sexy (e ao mesmo tempo ingênua) cantora Sugar Kane (Marilyn Monroe). O riso é garantido pelas confusões e mal-entendidos enfrentados pela dupla por causa da troca de sexo. O figurino, assinado por Orry-Kelly, ganhou o Oscar. Vale comentar que essa obra-prima (ainda atual), na época, provocou a ira de correntes mais conservadoras e foi proibido de ser exibido no Kansas (EUA).
O make: Aqui, cabe começar por uma curiosidade. O filme foi rodado em preto e branco em função da sensacional maquiagem feminina criada para os personagens travestidos que passaram a se chamar Josephine (Curtis) e Daphne (Lemmon). Nos testes, ficou claro que o make criado por Emile Lavigne, se filmado em cores, ficaria estranho porque a pele dos dois puxava para o verde, por causa do pancake pesado. Muito acertada a decisão. Apesar do nome da maquiadora aparecer nos créditos, quem cuida da estonteante beleza de Sugar (Marilyn Monroe) é o maquiador e amigo pessoal da atriz, Allan Snyder. E ele capricha. Os segredos da maquiagem (que usou aqui — e sempre — na atriz) são: a vaselina aplicada como primer para dar viço à pele; dois tons de batons vermelho: o mais escuro para contorno dos lábios e o mais claro para preenchimento; lápis delineador marrom e preto; e cílios postiços cortados ao meio e colados apenas nos cantos externos dos olhos. O make ultrassexy realça o figurino UAU!, em que curvas, seios e costas são extremamente valorizados.
BONEQUINHA DE LUXO (1961)
Atriz: Audrey Hepburn
Diretor: Blake Edwards
Maquiagem: Wally Westmore
Sinopse: Ambiciosa e fútil, a garota de programa Holly Golightly (Audrey Hepburn) mantém a ingenuidade da garota do interior. Seu sonho é casar-se com um milionário. Mas seus planos mudam quando conhece Paul Varjak (George Peppard), jovem escritor bancado pela amante, que vai morar no mesmo prédio dela. Apesar do interesse em Paul, Holly reluta em se entregar a um amor que atrapalharia seu plano de tornar-se rica. Uma comédia romântica deliciosa que imortalizou o “Little Black Dress”, o tal pretinho básico, que no filme foi criado pelo estilista Givenchy.
O makeup: O mestre Wally Westmore aproveitou para realçar o rosto lindo de Audrey, que tinha olhos muito expressivos. Para isso, fez um make leve, natural e sofisticado que definiu o look chique dos anos 1960 — e que continua ser copiado. Repare que, dependendo da cena ou do figurino da personagem, a maquiagem aparece mais suave ou mais intensa. Mas a receita é a mesma: pele bem feita com blush claro; batom cor de boca (mais leve ou rosada, dependendo da cena); sombra neutra (quase do tom da pele) e fosca; delineador nude na linha d´água dos olhos; e, nas cenas noturnas, um suave esfumado nos cantos externos dos olhos. Para finalizar, muita máscara de cílios — e o segredo de Westmore: separar um a um os fios, pela raiz, usando uma agulha (Atenção: eu não recomendo isso, porque é perigoso!).